sexta-feira, 10, maio 2024 - 03:50

Mulheres Boas de Briga – Por Michel Abrahão

Não é de hoje que as mulheres vêm ocupando um espaço cada vez maior em uma
seara que até bem pouco tempo atrás era de quase exclusividade dos homens: os filmes de ação.
Nos anos 80 e 90, nomes famosos como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Chuck
Norris, Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal e outros brutamontes eram idolatrados pelos
fãs que lotavam as salas de cinema para ver produções cheias de testosterona, nas quais os
papéis femininos passavam quase despercebidos. Algumas raras exceções que me lembro desse
tempo foram as personagens de Sigourney Weaver, a Tenente Ellen Ripley, do ótimo longa Alien – O Oitavo Passageiro e suas continuações, e a belíssima atriz francesa Anne Parillaud, em Nikita
– Criada para matar
, em 1990, que foi refilmado pelos americanos em 1993, com o título de A
Assassina
. Mais adiante, as mulheres continuaram a protagonizar novos filmes do gênero, e
alguns até viraram franquias bastante rentáveis que provam o quanto o público aceitou bem o
protagonismo feminino. Sucessos como Kill Bill, com Uma Thurman dando show nas artes
marciais, de Quentin Tarantino, a aventura Tomb Raider, com Angelina Jolie a lá Indiana Jones,
o terror, Anjos da Noite, Kate Beckinsale enfrentando todo tipo de seres das trevas, As Panteras,
com Cameron Diaz e Drew Barrymore, no remake da famosa série dos anos 80, mostraram o
quanto a indústria deveria continuar apostando nessa nova realidade.

Logo, essa conquista só se consolidou. Os tempos dos gritinhos assustados enquanto
os homens resolviam a “parada” ficaram definitivamente para trás, pois as mulheres se
mostraram atuantes na pancadaria. São várias as performances que não deixam nada a desejar
às lutas masculinas; alguns até preferem o resultado mais plástico entregue pelas belas. O
problema é que os roteiros rasos também estão presente na maioria dessas obras: as velhas
histórias de vingança continuam sendo contadas à exaustão nas telas. Em contrapartida, a
revolução técnica que o cinema atravessou, com tantos efeitos digitais, drones e uma série de
outros meios, favoreceu demais este tipo de filme.

Nesse sentido, os estúdios capricharam na entrega de obras com mulheres boas de
briga neste último ano, com diversas boas e caras produções que atingem o objetivo de entreter
e divertir:

Hanna, 2019 a 2021, escrita por David Farr. Conta a história de uma menina criada em
total isolamento em uma floresta na Polônia, treinada para ser uma assassina. É uma série
inspirada em um filme do mesmo nome que já conta com três temporadas. Fácil de maratonar,
ela prende a atenção logo a partir do primeiro episódio. Disponível na Amazon Prime.
Ferida, 2021. Halle Berry estreia na direção e também atua nesse drama que conta a
história de uma ex-lutadora de MMA, que retorna aos ringues para conseguir sua redenção
tanto no esporte quanto na vida familiar. Não tem como evitar comparações com o ótimo
Menina de Ouro, de Clint Eastwood, mas, apesar de inferior, é também um bom filme e merece
ser visto. Netflix.

The Old Guard, 2020. Traz Charlize Theron como líder de um grupo de soldados
imortais que vivem ao longo dos anos vendendo seus serviços como mercenários. O longa é
baseado em uma série de histórias em quadrinhos do mesmo nome e deve ganhar continuações
no futuro. Netflix.

Jolt, 2021. Kate Backinsale retorna à ação depois da série de filmes Anjos da Noite, no
papel de Lindy, uma mulher com forte transtorno de controle da raiva, que é ajudada por seu
terapeuta (Stanley Tucci) a segurar seus ímpetos homicidas. O filme também conta com uma
pequena participação de Susan Sarandon. Amazon Prime.

Mais dicas:

Atômica – Netflix
Mary Kom – Netflix
Salt – Netflix
Nunca Mais – HBO
Colombiana – HBO
Ghost in the Shell – Amazon Prime
Lucy – Netflix
Clube da Luta para Mulheres – Amazon Prime

Sobre o autor da coluna

Michel Abrahão é um cinéfilo paulista, radicado na Paraíba, proprietário da antiga e querida Ribalta Vídeo, referência para todos os moradores de João Pessoa também apaixonados por cinema.