Temos acompanhado ultimamente a novela da perseguição em torno do criminoso do momento, o assassino e estuprador Lazaro Barbosa. Logo, sempre fico imaginando como o Brasil é rico em tipos como esses, criminosos que vez ou outra chamam a atenção da mídia e muitas vezes atingem até o status de celebridade. Muitos desses, no passado, foram retratados em filmes que, na maioria das vezes, não são muito bons e “clamam” por uma refilmagem; outros tiveram uma boa representação nas telas e foram sucesso de público e crítica, mas o fato é que ainda temos uma grande demanda de ótimas histórias esperando serem filmadas.
A título de exemplo, podemos lembrar de algumas obras do passado que, de um modo ou de outro, trouxeram à tona os nossos mais famosos bandidos: Lili – A Estrela do Crime, 1989, retrata a vida de Djanira Ramos, uma mulher integrante de uma gangue de assaltantes a bancos que atuavam disfarçados. Ela, por sua vez, foi apelidada pela própria polícia de Lili Carabina (interpretada por Betty Faria). O Bandido da Luz Vermelha, de 1968, conta a história do marginal paulista João Acácio Pereira, que assaltava residências sempre usando uma lanterna vermelha e foi uma figura bastante romantizado pela crônica policial da época. Lúcio Flávio – Passageiro da Agonia, de 1977, mostra-nos outro assaltante a bancos que ficou famoso, no Rio de Janeiro, na década de 70, por suas fugas espetaculares. Muito bem interpretado pelo ator Reginaldo Faria, e magnificamente dirigido pelo cineasta argentino, naturalizado brasileiro, Héctor Babenco. Por sua vez, ele próprio, Babenco, também nos deu o premiadíssimo Pixote – A Lei do Mais Fraco, de 1981, ilustrando a dramática vida de Fernando Ramos da Silva, um menor abandonado que sobrevive nas ruas entre todo tipo de delinquentes, atuando como traficante, cafetão e assassino com apenas 11 anos de idade. Por fim, não convém deixar de citar o novo clássico, Cidade de Deus, 2002, dirigido por Fernando Meireles, que não precisa de apresentações, sendo um dos filmes nacionais mais badalados de todos os tempos, merecedor de cada aplauso.
Já nos tempos atuais, a mais nova aposta da Amazon Prime vem surpreendendo positivamente os espectadores: a superprodução nacional Dom apresenta-nos o verdadeiro drama de Pedro “Dom” Machado Lomba Neto, um jovem carioca de classe média, filho de policial, viciado em cocaína desde criança e que ficou muito famoso, nos anos 90, por chefiar uma pequena quadrilha de assaltantes a residências. Dirigido por Breno Silveira, que já provou sua competência como contador de histórias nos sucessos Dois Filhos de Francisco; Gonzaga – De Pai Para Filho e À Beira do Caminho, a série de oito episódios foi feita no capricho. Filmada em nada mais que 170 locações diferentes, incluindo muitas cenas aqui, em nossa João Pessoa (a maioria no interior do Hotel Tambaú), o seriado não se resume apenas à vida de crime do seu protagonista, passa também pelas relações familiares de forma comovente. Além disso, tem uma narrativa dinâmica, que nos envolve em um vai e vem entre as fases adulta e a infância do personagem com uma reconstituição de época correta. O elenco, até certo ponto desconhecido para quem não acompanha mais os canais abertos, surpreende nas atuações convincentes, praticamente todos estão bem, em especial o personagem do pai de Dom, Flávio Tolezani. Ademais, apesar de ser uma história real, com o verdadeiro Dom morto em 2004, uma segunda temporada não está descartada por seu diretor.
Para finalizar, ainda teremos este ano o lançamento do aguardado A Menina Que Matou os Pais, longa que trará a história de Suzane Von Richthofen.
Criminosos reais e onde encontrá-los:
Assalto ao Trem Pagador – Youtube
Ônibus 174 – Telecine
Bandidos na TV – Netflix
Pixote – Globo Flat
O Bandido da Luz Vermelha – Youtube
Lili, A Estrela do Crime – Youtube
Carandiru – Telecine
Última Parada 174 – Telecine
Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia – Globo Flat
Sobre o autor da coluna
Michel Abrahão é um cinéfilo paulista, radicado na Paraíba, proprietário da antiga e querida Ribalta Vídeo, referência para todos os moradores de João Pessoa também apaixonados por cinema.