sábado, 19, abril 2025 - 21:01

A força do cinema coreano – Por Michel Abrahão

O cinema coreano teve sua “era de ouro” entre as décadas de 1950 e 1970, após o cessar-fogo da Guerra da Coreia. Nesse período, com o apoio do governo e também com ajuda externa, muitos filmes foram produzidos sempre com um tom melodramático e questões de luta de classes pautando as obras. Porém, nem tudo eram flores, e a ditadura impunha forte controle, censurando e levando presos alguns cineastas que não respeitavam a ideologia do governo da época.

Hoje, o cinema coreano vive o que é chamado de “a nova era”, com produções de maior orçamento e até coproduções internacionais que passaram a dominar sua cinematografia. Logo, um dos principais sucessos dessa nova fase foi o ótimo Oldboy que, anos mais tarde, ao ser refilmado pelos norte-americanos, não obteve o mesmo respeito da crítica. Por outro lado, um grande sucesso, O Milagre da Cela 7, quase não foi visto por aqui, sendo que, anos depois, uma refilmagem turca do mesmo nome conquistou a nossa audiência, ficando entre os mais vistos nas plataformas de streaming.

Por sua vez, o ápice do sucesso veio em 2019, com a grata surpresa Parasita, levando vários prêmios ao redor do mundo, inclusive o Oscar de melhor filme, e colocando de vez os sulcoreanos na mira dos espectadores. Antes, já haviam sido indicados ao Oscar de filme estrangeiro pelo drama A Criada (2016), e mais recentemente pela coprodução Coreia/EUA, Minari – Em Busca da Felicidade.

Atualmente, graças a Netflix, temos acesso a uma infinidade de séries e filmes coreanos que flertam com todos os gêneros: drama, romance, terror, ficção, ação.

Algumas dicas:

Steel Rain, 2017, dirigido por Yang Woo-suk, é uma ação de primeira, com alto orçamento, tendo sido muito bem recebido pelo público. Durante um golpe de estado, um ex-agente da Coreia do Norte se vê na difícil situação de proteger seu líder máximo das mãos de golpistas que visam começar uma nova guerra entre as Coreias.

Drug King, 2018, dirigido por Min-ho Woo. Na cidade de Busan, nos anos 70, tem-se a história real de um traficante de drogas que se tornou um dos maiores e mais temidos bandidos da Coreia do Sul.

Psychokinesis, 2018, dirigido por Sang-ho Yeon. Trata-se de uma disputa imobiliária que ameaça destruir o próspero negócio de uma jovem dona de restaurante até que seu pai descobre ter superpoderes telecinéticos e resolve ajuda-la. As cenas do “super-herói” são muito bem feitas e garantem a diversão.

Noite no Paraíso, 2020, dirigido por Park Hoon-jung. Esse é um drama/policial extremamente violento que conta a história de, Tae-gu, um gangster que se vinga de um chefão do crime após ter sua irmã e sobrinha mortas. Pode parecer um batido filme de vingança, mas temos aqui um roteiro que consegue driblar muito bem os clichês habituais do gênero.

Invasão Zumbi, 2016, dirigido por Yen Sang-ho, e Alive, 2020, II Cho. Dois filmes de zumbi “de respeito”; os fãs desse tipo de terror (eu me incluo), não vão se arrepender de vê-los. Claro, a premissa é a de sempre: um surto viral transforma pessoas em zumbi, deixando o caos tomar conta de tudo, mas o desenvolvimento da trama em ambos os filmes é muito bom, e logo teremos um terceiro, já que o lançamento de Invasão Zumbi II está previsto para esse ano.

Pandora, 2016, Park Jung-woo. O roteiro traz uma pequena cidade costeira, em que um grupo de operários de uma usina nuclear, entre eles o jovem Jael-Hyeok, arriscam a própria vida para salvar suas famílias de um iminente desastre de enormes proporções causado por um terremoto e pelo descaso do governo. Filme catástrofe que constrói um ótimo clima de tensão e também conquistou enorme sucesso de público.

Outras dicas:

Forgotten, 2017

High Society, 2018

Sintonizado em Você, 2019

Sonhos Lúcidos, 2017

O Hospedeiro, 2006

Tempo de Caça, 2020

Okja, 2017

Sobre o autor da coluna

Michel Abrahão é um cinéfilo paulista, radicado na Paraíba, proprietário da antiga e querida Ribalta Vídeo, referência para todos os moradores de João Pessoa também apaixonados por cinema.