quinta-feira, 21, novembro 2024 - 03:47

Matrix Ressurge – Por Michel Abrahão

Há mais de vinte anos, precisamente no dia 31 de março de 1999, estreou nos cinemas
um filme que revolucionou a cultura pop e mexeu, e muito, com a cabeça da comunidade nerd.
Trata-se de Matrix, uma ficção cientifica dirigida, na época, pelos então, “irmãos” Andy e Larry
Wachowski, que hoje respondem pelos nomes de Lilly e Lana, depois de se declararem
transexuais. O longa, orçado em 63 milhões de dólares, arrecadou 463,5 milhões, e suas duas
continuações Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, apesar de não obterem o mesmo respeito
do público e da crítica, continuaram a render muito dinheiro nas bilheterias pelo mundo. No
total, a trilogia alcançou a incrível marca de 1.6 bilhão de dólares, ficando entre as cinquenta
maiores bilheterias da história. O enorme sucesso continuou nas videolacodoras, como um dos
DVDs mais locados e vendidos por muito tempo, sendo relançado em edições especiais para a
felicidade da legião de fãs.

A história nos apresenta o jovem Neo (Keanu Reeves), um hacker que é atormentado
por estranhos pesadelos nos quais está sempre conectado por cabos em um imenso sistema de
computadores. A repetição de seus sonhos o faz começar a desconfiar da realidade em que vive,
até que ele encontra Morpheus (Lawrence Fishburn), um misterioso homem que lhe apresenta
toda a verdade sobre a “Matrix”.

Mas qual a explicação para tanto sucesso? Primeiramente, a parte técnica: foram
desenvolvidos efeitos especiais fantásticos através da evolução de imagens geradas por
computador (CGI), como o famoso Bullet Time, efeito de câmera lenta idealizado para mostrar
movimentos de personagens e objetos em período de tempo extremamente curto, visto nas
cenas de luta em que Neo se desvia das balas, e que se tornaram uma das marcas registradas
do filme. Esses efeitos depois foram copiados à exaustão em diversas outras produções,
comerciais de TV e games. Além do mais, a parte estética do filme conferiu um clima futurista
meio sombrio, mas bastante charmoso, ajudado pelo figurino elegante de seus personagens.
Tudo foi muito bem pensado para sair do lugar comum. Finalmente, o roteiro é o grande
diferencial desta obra, é o que a separa de uma infinidade de outros filmes de ação bem feitos.
Ademais, são várias as referências filosóficas apresentadas no decorrer da história, sendo a mais
famosa delas uma alusão ao Mito da Caverna, de Platão, quando o personagem Morpheus
oferece a Neo a escolha entre tomar uma pílula azul e esquecer completamente tudo que já
havia descoberto até então, ou tomar a pílula vermelha e abraçar a verdade sobre a Matrix. Neo
também questiona o sistema, querendo acordar as pessoas para a realidade, numa espécie de
pensamento socrático. O livro Alice no País das Maravilhas é outra obra presente na trama, com
diversas referências, sem deixá-la ser chata, nem parecer pedante. Não há a intenção de ser um
filme difícil ou “cabeça”, de modo que as ideias se encaixam perfeitamente, sem apelação.

Uma curiosidade revelada há pouco tempo: Keanu Reeves se lembrou de que não foi
o primeiro ator escolhido para o papel principal. O personagem foi oferecido antes para o ator
Will Smith, que não aceitou.

Por fim, no próximo dia 22 de dezembro, estreia, repleto de expectativas, o novo filme
da série: Matrix Ressurrections. A produção contará com o retorno dos protagonistas Keanu
Reeves e Carrie-Annie Moss, e se sentirá a ausência de Lawrence Fishburn, que não foi
convidado para o retorno. Outros grandes nomes da indústria completam o elenco estrelado:
Neil Patrick Harris, Jada Pinkett Smith e Christina Ricci.

Sobre o autor da coluna

Michel Abrahão é um cinéfilo paulista, radicado na Paraíba, proprietário da antiga e querida Ribalta Vídeo, referência para todos os moradores de João Pessoa também apaixonados por cinema.