No próximo dia 15, estreia nos cinemas o novo western/drama Cry Macho: O Caminho para a Redenção. Trata-se de mais um longa dirigido por Clint Eastwood, um dos maiores astros vivos de Hollywood, que já havia se despedido das atuações, no seu filme anterior, A Mula, mas reconsiderou a ideia e voltou a atuar no papel de Miko, um astro do rodeio que enfrenta dificuldades financeiras e aceita um trabalho de escoltar um jovem (filho de um ex-patrão), do México até os EUA. Esse lançamento não seria nada extraordinário, se não estivéssemos falando de um senhor de 91 anos de idade, e que entregou, nos últimos dez anos, nada mais que nove filmes, quase um por ano. Muitos dizem que isso só é possível graças ao estilo seco, sem floreios e bastante direto que ele tem de trabalhar. Nesse sentido, o ator Tom Hanks, que foi dirigido por ele no drama Sully, O Herói do Rio Hudson, chegou a dizer: “Ele trata atores como cavalos porque quando fazia a série Rawhide, nos anos 60, o diretor gritava ‘ação!’ e todos os cavalos, corriam. Então quando ele está no comando, ele diz em uma voz suave e calma ‘Tudo bem, vão em frente’, e ao invés de gritar ‘Corta!’, ele diz ‘Isso é o suficiente’. É muito intimidante!”
Natural de São Francisco, Califórnia, com mais de 50 filmes no currículo, e vencedor de quatro Oscars, entre outros inúmeros prêmios, Clint Eastwood estreou nas telas, em 1955, fazendo uma série de filmes de baixo orçamento que sequer tiveram seu nome creditado. O duro começo quase o fez desistir da carreira, até que, em 1959, conseguiu um papel para trabalhar na série televisiva Rawhide, que o manteve ocupado por seis anos. Logo após, veio o convite que mudou sua vida: o cineasta italiano Sergio Leone o levou até a Itália para interpretar o “homem sem nome”, personagem principal da clássica “Trilogia dos Dólares” (Por Um Punhado de Dólares; Por Uns Dólares a Mais; Três Homens em Conflito). A série também ficou conhecida por estabelecer o gênero Western Spaghetti. De volta ao EUA, ele continuou participando de faroestes, sempre muito bem-recebidos pela crítica; nos anos 70 e 80, interpretou o célebre detetive Harry Callahan (mais conhecido como Dirty Harry), em cinco filmes que marcaram época e reforçaram ainda mais a fama de durão do ator. Além disso, Eastwood ainda encontrou tempo para a política, e em 1986, foi eleito prefeito da cidade de Carmel, pelo Partido Republicano, saindo-se muito bem na função, mas logo preferiu retornar ao cinema.
Por outro lado, a filmografia de Clint Eastwood não se resume apenas à muita ação, conta também com diversas obras repletas de sensibilidade, como Os Imperdoáveis, 1992, considerado por parte da crítica o último grande western feito. Pode até ser exagero, mas é um filme forte, que retrata bem sacrifícios, injustiças e a crueza de envelhecer. Trata-se de uma obra prima do gênero que merece ser revista; Bird, 1988, biografia do lendário saxofonista Charlie Parker (Forrest Whitaker), que morreu aos 34 anos, vítima de overdose de heroína. A qual une duas das maiores paixões do diretor: o cinema e o jazz; As Pontes de Madison, 1995, traz um caso de amor absolutamente “possível”, uma peça do destino que, com certeza, já deve ter acontecido na vida de muitas pessoas: a história se passa durante quatro dias que marcaram para sempre a vida de uma dona de casa casada (Meryl Streep). Tudo é muito bem feito e singelo, sem exageros e sem pressa. Um romance para adultos, e provavelmente um dos melhores que já vi.
Onde encontrar alguns filmes de Clint Eastwood:
As Pontes de Madison – HBO
Menina de Ouro – Amazon Prime
Os Imperdoáveis – HBO
Sobre Meninos e Lobos – HBO
Gran Torino – HBO
A Troca – Amazon Prime
Cartas de Iwo Jima – Telecine
Invictus – HBO
Três Homens em Conflito – Telecine
A Mula – Telecine
Sully, O Herói do Rio Hudson – Netflix
O Caso de Richard Jewell – HBO
Sniper Americano – HBO
J. Edgar – HBO
Por Um Punhado de Dólares – Telecine
O Estranho Sem Nome – Telecine
Fuga de Alcatraz – Telecine
Dirty Harry – HBO
O Estranho que Nós Amamos – Claro Vídeo
Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal – HBO
Sobre o autor da coluna
Michel Abrahão é um cinéfilo paulista, radicado na Paraíba, proprietário da antiga e querida Ribalta Vídeo, referência para todos os moradores de João Pessoa também apaixonados por cinema.